O modo de vida agitado e compromissado dos grandes centros urbanos acaba por nos distanciar de práticas e de atitudes mais naturais que beneficiam o nosso organismo. Para fugirem do caos e evitarem possíveis problemas de saúde, muitas pessoas estão buscando uma alimentação orgânica como parte de hábitos mais conscientes, saudáveis e sustentáveis.
Os alimentos orgânicos são aqueles em que, em nenhuma etapa de sua produção, foram utilizados agrotóxicos ou defensivos químicos. Dessa forma, a cadeia produtiva é mais respeitosa e tem um maior compromisso socioambiental com a população.
Afinal, quais os benefícios da alimentação orgânica? E como é possível incluir mais alimentos desse tipo no seu dia a dia? Este artigo tem algumas informações valiosas para você. Confira!
O que são os alimentos orgânicos?
Os alimentos orgânicos são todos aqueles produtos agropecuários que foram cultivados e processados sem nenhum tipo de substância ou método artificial. Portanto, toda a sua produção (desde a aquisição das mudas e sementes) é livre de agrotóxicos, adubos químicos, hormônios e transgênicos.
Para serem incluídos nessa categoria, precisam se enquadrar em uma série de requisitos específicos estipulados pela Lei nº 10.831 de 2003. Essa lei regulamenta que os alimentos são reconhecidos como orgânicos somente quando a sua cadeia produtiva é completamente sustentável, sem causar danos para o ecossistema e para a comunidade local.
Os sistemas de produção sustentáveis são aqueles que otimizam os recursos naturais e socioeconômicos. Nesse contexto, eles respeitam a cultura local, buscam a sustentabilidade econômica e ecológica e maximizam o uso de energias renováveis.
Além disso, os produtores devem respeitar as normas que garantem a segurança e a qualidade do ambiente de trabalho, bem como a distribuição e a comercialização dos seus produtos. Isso tudo vale para produtos consumidos in natura e para os processados.
Por exemplo, se, na prateleira do supermercado, você escolher a bandeja de ovos orgânicos, significa que você optou por um alimento oriundo de um sistema em que as galinhas recebem dietas orgânicas e são tratadas com medicamentos alternativos. A carne orgânica é resultado de uma criação sustentável, cujas pastagens do rebanho são orgânicas, e assim por diante.
Quais são os riscos do uso de agrotóxicos nas lavouras?
Em 2019, o debate sobre o uso de agrotóxicos tomou corpo, visto que o Governo liberou 474 produtos, o maior número dos últimos 14 anos. Entre eles estão diversas substâncias já banidas da União Europeia e de outros países.
Os agrotóxicos são compostos químicos aplicados para quebrar o ciclo de vida das pragas e reduzir as doenças nas plantações, diminuindo, assim, os prejuízos ao negócio. São amplamente utilizados em monoculturas, já que a produção em larga escala de uma só espécie de planta propicia a ocorrência de doenças e pragas, como insetos, fungos, bactérias, vermes e ervas daninhas.
Entretanto, o uso excessivo desses defensivos causa diversos danos ao meio ambiente, como a diminuição da diversidade local e a contaminação do lençol freático, do solo e dos alimentos cultivados. Como consequência, pode provocar disfunções à saúde humana.
O glifosato, por exemplo, que é o agrotóxico mais utilizado no Brasil, está no grupo 2A da lista de agentes cancerígenos da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) da OMS. O grupo 2A é o que identifica as substâncias provavelmente carcinogênicas para humanos.
No entanto, aqui cabe um parêntese. São indiscutíveis os prejuízos que esses químicos causam ao organismo de quem os consome, contudo, precisamos destacar que, para se contaminar com os resíduos, é preciso ingerir uma dose gigantesca dos produtos.
Isso significa que os maiores perigos do uso abusivo dos agrotóxicos são mais direcionados para os produtores rurais e para as comunidades do entorno, que têm contato direto e com grandes quantidades dos defensivos. São essas pessoas que correm os maiores riscos de desenvolver câncer e de ter o ambiente contaminado.
Essa informação é só para demonstrar que a busca por uma alimentação orgânica vai além da manutenção da própria saúde: é uma procura por sistemas produtivos mais respeitosos com a sociedade, com o ecossistema e com as gerações futuras.
Quais são os benefícios da alimentação orgânica?
Agora que já falamos sobre os malefícios do uso de defensivos químicos, que tal vermos os benefícios que os alimentos orgânicos trazem? Além da preservação do meio ambiente e da fauna e da flora locais, consumi-los nos garante os seguintes proveitos à saúde:
são mais nutritivos — diversos estudos (bem compilados pelo Observatório da Imprensa) têm comprovado que alimentos orgânicos têm mais antioxidantes e percentuais mais altos de nutrientes;
são mais saborosos — devido ao fato de não receberem componentes que aceleram a maturação ou que privilegiem a aparência, frutas e hortaliças conservam melhor o seu sabor;
não influenciam os seus hormônios — a exposição crônica a agrotóxicos interfere na produção endócrina humana, enquanto orgânicos estão livres;
não são tóxicos — como dispensam o uso de defensivos químicos, você tem menos chances de desenvolver alergias e câncer.
Como incluir mais alimentos orgânicos na dieta?
A maior dificuldade encontrada por quem busca uma alimentação orgânica é o preço dos alimentos, que ainda é alto, principalmente em supermercados de grandes cidades. Se você tem recursos e uma folguinha no orçamento, vale investir, não é mesmo?
No entanto, se você acha que ficará apertado, procure mercados e feiras alternativas e tente comprar direto com os produtores ou com cooperativas rurais. Lembre-se de que há uma possibilidade de os produtos não serem tão perfeitos ou vistosos como os que você costuma encontrar nos supermercados, no entanto, isso acontece justamente porque eles foram cultivados de forma natural.
Aliás, a agricultura familiar é a maior responsável pelo crescimento de orgânicos no país. Comprá-los é um ato consciente que fortalece os pequenos e médios produtores rurais.
Também vale cultivar uma hortinha em casa. Hoje em dia, é possível ter um cantinho para ervas aromáticas, hortaliças e tubérculos mesmo em apartamentos pequenos. Além disso, a prática da jardinagem é relaxante e conecta-nos com a natureza.
Como você pôde perceber, a alimentação orgânica é um dos caminhos para ter uma vida mais centrada e saudável. Contudo, vai além disso: é um ato de conscientização política, social e ambiental que valoriza o desenvolvimento humano aliado às práticas sustentáveis e visa a uma melhor qualidade de vida para si e para os outros.
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